Um vídeo divulgado nas redes mostra o momento em que Igor Melo de Carvalho, de 31 anos, e o mototaxista Thiago Marques Gonçalves fugiam após serem alvejados por Carlos Alberto de Jesus, ex‑policial militar da Polícia Militar do Rio de Janeiro. O tiroteio Rio aconteceu nas primeiras horas de 24 de fevereiro de 2025, na zona norte da cidade, quando Igor voltava de um turno como garçom e era passageiro da moto de Thiago.
De acordo com as investigações, a esposa do ex‑policial, Josilene da Silva Souza, alegou que teria sido vítima de furto de celular entre 1h15 e 1h30. Carlos Alberto arrancou seu carro e perseguiu a moto, disparando duas vezes com arma calibre .38. Igor recebeu um tiro nas costas que atingiu rim, baço, intestinos e estômago.
O estudante foi socorrido e levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde foi submetido a cirurgia de urgência e perdeu um rim. Ainda sob vigilância intensiva, Igor estava consciente, embora em estado crítico devido ao grande volume de sangue perdido e à necessidade de múltiplas transfusões.
Inicialmente, ambos foram presos sob suspeita de roubo. Contudo, as imagens de câmeras de segurança e o depoimento contraditório do ex‑policial levaram à revisão do caso.
A primeira versão de Carlos Alberto descrevia Igor como armado e usando camisa amarela, o que justificaria, segundo ele, o disparo. Em depoimento posterior, alegou que ordenou a parada da moto e que o estudante fez gestos suspeitos perto da cintura, supostamente para alcançar uma arma, o que o teria levado a atirar duas vezes.
Em maio de 2025, o Ministério Público aceitou a denúncia contra Carlos Alberto, imputando-lhe tentativa de homicídio qualificado. A esposa, Josilene, foi acusada de prestar falso testemunho, já que não há indícios de que o celular tenha sido realmente subtraído.
O caso foi conduzido pelo Departamento de Investigação da Polícia Militar (Corregedoria) e pela Polícia Civil, que recolheram gravações de monitoramento, depoimentos de vizinhos e o laudo pericial que confirmou a origem balística dos disparos.
Além do processo criminal, o episódio reacendeu discussões sobre o uso excessivo da força e a cultura de impunidade entre agentes de segurança. Organizações de direitos humanos já anunciaram protestos e exigem revisão de protocolos de abordagem em situações de suposto roubo.