Junho 2025: recorde de calor extremo na Europa Ocidental

Junho 2025: recorde de calor extremo na Europa Ocidental

out, 1 2025

Junho de 2025 ficou marcado como o mês mais quente jamais registrado na Europa Ocidental, com duas ondas de calor que deixaram temperaturas acima de 40°C em grande parte da região. O Copernicus Climate Change Service confirmou que a média de temperatura foi de 20,49°C, estabelecendo um novo recorde para o mês.

Um recorde histórico e os números por trás do calor

A primeira onda começou em 17 de junho, avançando da Península Ibérica rumo ao norte da Europa e durou até 22 de junho. A segunda, ainda mais intensa, iniciou-se em 30 de junho e atravessou a partida de julho, empurrando termômetros a níveis que antes só se via em anos bissexuais de verão. Em Portugal, a aldeia de Mora chegou a 46,6°C, enquanto em Granada, na Espanha, foram registrados 46°C.

Para colocar em perspectiva, o índice de sensação térmica no norte de Lisboa chegou a 48°C – 7°C acima da média histórica, um nível que a Copernicus rotulou como "estresse térmico extremo". No conjunto da Europa Ocidental, a temperatura do mar Mediterrâneo bateu 27°C em 30 de junho, cerca de 5°C acima do normal, alimentando a umidade que tornou as noites quase tão quentes quanto o dia.

Por que o calor está aumentando tão rápido?

"As anomalias que observamos entre 17 de junho e 5 de julho foram 1,10°C acima da média climatológica de 1991‑2020", explicou Freya Vamborg, cientista climática da Copernicus Climate Change Service. Ela acrescentou que a combinação de gases de efeito estufa acumulados e águas superficiais superaquecidas cria um "efeito chicote" que acelera o aquecimento regional.

O aquecimento oceânico mediterrâneo elevou a umidade atmosférica, reduzindo o resfriamento noturno – um fenômeno conhecido como "back‑radiation". Essa camada úmida impede que o calor escape, fazendo com que as cidades costeiras sofram com noites mais abafadas, o que eleva o risco de incêndios florestais.

Impactos humanos e ecológicos

Um estudo colaborativo envolvendo o Instituto Grantham do Imperial College de Londres revelou que as mortes atribuídas ao calor triplicaram em relação à média de junho dos últimos dez anos, totalizando 2,300 óbitos em 12 cidades monitoradas. Entre as vítimas, destaca‑se uma mulher na região sul da Itália que faleceu ao inalar fumaça de um incêndio florestal.

Na França, cerca de 200 escolas fecharam total ou parcialmente para proteger crianças de exposições prolongadas ao calor. Em Itália, 17 cidades, incluindo Roma e Milão, entraram em alerta vermelho, mobilizando milhares de bombeiros. Enquanto isso, o consumo de energia elétrica disparou, pressionando redes já sobrecarregadas.

Reações das autoridades e medidas de emergência

Reações das autoridades e medidas de emergência

Governos nacionais emitiram avisos de saúde pública e lançaram protocolos para proteger grupos vulneráveis, como idosos e pacientes com doenças crônicas. Em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde instalou centros de hidratação em praças públicas de Lisboa e Porto.

"Em junho uma onda de calor excepcional afetou grande parte da Europa Ocidental, onde o estresse térmico foi muito intenso", afirmou Samantha Burgess, responsável estratégica do clima no Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo. Ela acrescentou que, fora os protocolos de saúde, é crucial melhorar a resiliência urbana – mais áreas verdes, telhados refletivos e sistemas de alerta precoce.

O que vem pela frente?

Os dados de Copernicus mostram que, no período de 12 meses entre julho de 2024 e junho de 2025, a temperatura média da Europa Ocidental ficou 0,67°C acima da referência de 1991‑2020 e 1,55°C acima dos níveis pré‑industriais. Essa tendência indica que a região está se aquecendo duas a três vezes mais rápido que a média global.

Especialistas alertam que, se as emissões globais não diminuírem significativamente até 2030, ondas como a de junho de 2025 podem tornar‑se normais, colocando em risco a habitabilidade de cidades costeiras e aumentando a frequência de incêndios. Para os cidadãos, a mensagem permanece clara: hidratar‑se, evitar esforço físico nos horários de pico e buscar sombra sempre que possível.

  • Temperatura média de junho 2025: 20,49°C (recorde)
  • Pico máximo registrado: 46,6°C em Mora, Portugal
  • Mortes atribuídas ao calor: 2.300 em 12 cidades europeias
  • Alerta vermelho em 17 cidades italianas
  • Fechamento de ~200 escolas na França

Perguntas Frequentes

Como as ondas de calor de junho 2025 impactaram a saúde pública?

O calor extremo elevou o risco de insolação, desidratação e agravamento de doenças cardiovasculares. Cerca de 2.300 óbitos foram atribuídos ao estresse térmico, e serviços de saúde instalaram centros de hidratação e alertas para limitar atividades ao ar livre durante as horas de pico.

Quais foram as principais causas climáticas desse recorde?

A combinação de altas concentrações de gases de efeito estufa, aquecimento do Mediterrâneo que aumentou a umidade e reduziu o resfriamento noturno, e a presença de sistemas de alta pressão estacionários criou condições perfeitas para ondas de calor prolongadas e intensas.

Que medidas os governos europeus adotaram para enfrentar a crise?

Vários países emitiram alertas de saúde, fecharam escolas, ativaram centros de hidratação, declararam alerta vermelho em cidades italianas e mobilizaram brigadas de incêndio. Além disso, foram lançados planos de resiliência urbana, como ampliação de áreas verdes e incentivos a telhados reflexivos.

Qual é a projeção para futuros verões na Europa Ocidental?

Especialistas apontam que, se as emissões de CO₂ não forem reduzidas, as ondas de calor podem tornar‑se cada vez mais frequentes e intensas, com picos acima de 45°C sendo esperados até meados da década de 2030.

Como a população pode se proteger de futuros episódios de calor extremo?

Manter-se hidratado, evitar atividades físicas intensas nas horas mais quentes, buscar ambientes climatizados, usar roupas claras e proteger a pele com protetor solar são medidas essenciais. Também é recomendável ficar atento aos avisos das autoridades locais.

1 Comentários

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    valdinei ferreira

    outubro 1, 2025 AT 23:11

    É realmente alarmante observar, com a devida atenção, que junho de 2025 marcou um ponto de inflexão climático na Europa Ocidental; os dados do Copernicus confirmam, de forma inequívoca, que as temperaturas médias ultrapassaram recordes históricos.
    Acompanhando a disseminação de ondas de calor, observamos, simultaneamente, um aumento significativo na mortalidade atribuída ao estresse térmico, o que demanda políticas públicas imediatas.
    Ademais, a elevação da temperatura da superfície do mar Mediterrâneo, em 5 °C acima da normalidade, gerou condições de umidade que intensificam a sensação de calor, dificultando a dissipação noturna de energia.
    As autoridades sanitárias, ao implementarem centros de hidratação, agiram, de forma correta, porém ainda insuficiente diante da magnitude do fenômeno.
    O consumo de energia elétrica, que disparou, sobrecarregou redes, revelando vulnerabilidades estruturais que precisam ser mitigadas.
    É imperativo que governos invistam em infraestruturas resilientes, como telhados reflexivos e áreas verdes, estratégias que reduzem a absorção de radiação solar.
    A comunidade científica, representada por especialistas como Freya Vamborg, apontou que a combinação de gases de efeito estufa acumulados e águas superficiais superaquecidas cria um “efeito chicote”, acelerando o aquecimento regional.
    Essa explicação, embora complexa, destaca a necessidade de reduzir emissões globais até 2030, sob pena de normalizar eventos extremos.
    As escolas francesas que fecharam demonstração de prudência, salvaguardando crianças vulneráveis, porém a continuação dessa prática depende de protocolos claros.
    A população, por sua vez, deve adotar medidas preventivas, como hidratação constante, busca por sombra e limitação de esforços físicos nos horários críticos.
    O relato de mortalidade, que totalizou 2.300 óbitos em 12 cidades, evidencia, de forma concreta, que o calor extremo transcende números e se traduz em vidas perdidas.
    Em síntese, a situação requer, simultaneamente, ação governamental, conscientização da sociedade e investimento em pesquisa climática avançada.
    Cada um desses pilares, interdependentes, pode mitigar os efeitos de futuras ondas de calor.
    Portanto, recomenda‑se, sem hesitação, a adoção de políticas climáticas ambiciosas e a promoção de uma cultura de resiliência urbana.
    Por fim, ressalta‑se que a colaboração internacional será crucial para enfrentar este desafio global.

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