Quando Novak Djokovic, tenista anunciou sua mudança definitiva para Atenas, a manchete não foi só esportiva – foi política. O astro de 38 anos, com 24 majors no currículo, saiu da Sérvia depois que o presidente Aleksandar Vučić o rotulou de "traidor" por apoiar protestos estudantis contra o governo. A troca de residência aconteceu em setembro de 2025, um mês depois de confirmar que o ATP 250 de Belgrado seria transferido para a capital grega.
Os protestos que ganharam força em Novi Sad no fim de 2024 surgiram após o desabamento trágico de uma estação ferroviária, que matou 15 pessoas e revelou um rombo de corrupção nas obras públicas. Jovens universitários começaram a ocupar praças, exigindo transparência, responsabilização e eleições antecipadas. Djokovic, que sempre foi visto como um herói nacional, apareceu em manifestações, dedicando vitórias a estudantes que foram feridos nas ruas.
Vučić, que governa a Sérvia desde 2012, reagiu com dureza. Em coletiva na capital, alegou que "não toleraremos que figuras públicas usem sua influência para incitar a desordem". A retórica agressiva acabou por reforçar a decisão do tenista de deixar o país.
A mudança de domicílio foi feita para o subúrbio de Glifada, em Atenas. Lá, os filhos Stefan, de 11 anos, e Tara, de 8, foram matriculados na Saint Lawrence College, iniciando as aulas em setembro de 2025. No dia 9 de outubro, Djokovic foi visto praticando no Kavouri Tennis Club, trocando bolas com Stefan e tirando fotos com fãs que pediam autógrafos.
O torneio que antes ocorria em Belgrado agora será disputado de 2 a 8 de novembro de 2025 na ATP 250 Atenas 2025OAKA Basketball Arena. A organização do evento ficará sob a direção do irmão de Novak, Djordje Djokovic, que comentou: "Será uma nova era para o tênis europeu, e acreditamos que Atenas oferece a infraestrutura necessária".
Em entrevista ao canal grego Nova Sports, o tenista afirmou: "A situação política está afetando minha concentração. Aqui sinto que posso focar no tênis novamente".
A mudança não foi apenas logística. Djokovic explicou que a decisão foi motivada pela necessidade de proteger a família da tensão crescente na Sérvia. "Queremos que as crianças cresçam sem medo de represálias", disse ele a jornalistas aglutinados no Aeroporto de Atenas. A família recebeu um pedido de visto de residência permanente da UE, mas fontes próximas ao atleta afirmam que o documento já foi concedido.
O foco no tênis voltou a ser prioridade. Depois de chegar à semifinal do US Open 2025, onde perdeu para o espanhol Carlos Alcaraz, Djokovic somou 700 pontos, subindo para a 4ª posição com 4.830 pontos – a primeira temporada desde 2002 sem um dos "Big Three" nas finais de um Major.
O brasileiro João Fonseca, atualmente 43º no ranking mundial, confirmou presença no ATP 250 ateniense: "É uma oportunidade única de jogar contra o melhor em um cenário diferente".
A transferência do torneio tem repercussões estratégicas. Analistas da The Times apontam que a mudança pode abrir espaço para novos patrocinadores no Mediterrâneo e reduzir o desgaste de viagens para o leste europeu. Além disso, o evento pode servir como palco de teste para futuras parcerias entre a ATP e federações gregas.
Para Djokovic, o objetivo é claro: reconquistar a liderança no ranking mundial antes do final da temporada e usar a base de treinos mediterrânea para melhorar seu saque, que tem sido vulnerável nas superfícies mais rápidas.
Nos próximos meses, o tenista deve disputar o Masters 1000 de Paris, onde pretende validar sua forma física após a mudança. Se tudo correr bem, a expectativa é que ele encerre 2025 como o número 3 do ranking, alinhado novamente ao lado de Alcaraz e do jovem surpresa Holger Rune.
Enquanto isso, o governo sérvio ainda mantém a postura de recusar seu retorno. Vučić declarou recentemente que "não será bem‑vindo de volta enquanto persistir esse movimento de subversão". A mensagem se mistura ao discurso oficial de que o esporte deve ficar "apolítico", mas a realidade mostra que o caso Djokovic está longe de ser apenas quadra.
Ele citou a "situação política" na Sérvia como fator que atrapalhava sua concentração. A mudança para Atenas oferece um ambiente mais estável para a família e permite treinos em clima mediterrâneo.
O torneio agora será disputado em novembro, logo antes do último Masters da temporada. Isso cria uma pausa estratégica antes dos eventos de fim de ano e dá ao ATP uma presença reforçada no sul da Europa.
Há divisão: alguns lamentam a "perda de um ícone nacional", enquanto outros reconhecem a necessidade de separar esporte e política. Nas redes sociais, mensagens de apoio e críticas se misturam.
Ele deverá iniciar a preparação no início de julho, com treinos em Atenas, e pretende estar pronto para o US Open de 2026, buscando melhorar seu desempenho após a semifinal de 2025.
Ao rotular Djokovic de "traidor", Vučić reforça sua postura de intolerância a críticas externas. O episódio pode alimentar ainda mais os protestos internos e atrair atenção internacional para a situação de direitos civis na Sérvia.
Davi Gomes
outubro 10, 2025 AT 03:55A mudança para Atenas pode dar ao Novak a tranquilidade que ele precisa para focar no seu jogo.
O clima mediterrâneo e a nova base de treinos são ótimos para recuperar a confiança.
Além disso, afastar a tensão política da Sérvia ajuda a preservar a saúde mental da família.
Se ele continuar assim, podemos esperar boas performances nos próximos Masters.
Vamos torcer para que ele volte ainda mais forte.
Luana Pereira
outubro 15, 2025 AT 09:55O atleta parece ter encontrado um refúgio mais estável em Atenas. A decisão trouxe alívio à sua família que vivia sob pressão constante. O torneio agora será realizado em um local com infraestrutura adequada. A comunidade esportiva observa com cautela os desdobramentos políticos.
Francis David
outubro 20, 2025 AT 15:55É compreensível que a preocupação com a segurança dos filhos tenha sido decisiva. A separação entre esporte e política muitas vezes é ilusória, mas protege os atletas de manipulação. O Novak mostrou que pode adaptar sua rotina sem perder competitividade. Espero que o ambiente grego lhe ofereça a paz necessária.
José Cabral
outubro 25, 2025 AT 21:55Treinar em clima mais quente pode melhorar o saque, que vem sendo vulnerável. Focar nos fundamentos será crucial nos próximos Grand Slams.
Maria das Graças Athayde
outubro 31, 2025 AT 03:55Adorei a coragem do Novak ao priorizar a família 😊. Atenas parece ter abraçado bem o tenista e os filhos 🏖️. Que venha o próximo título!
Carlos Homero Cabral
novembro 5, 2025 AT 09:55É incrível!!! A energia positiva que ele traz ao circuito é contagiante!!! Atenas será um palco glorioso para novas conquistas!!!
Andressa Cristina
novembro 10, 2025 AT 15:55Que movimento explosivo!!! O Novak mudou de país como quem troca de camisa, mas com muito mais drama e estilo 💥💃. A Sérvia ficou sem seu herói, a Grécia ganhou um mito. Vai ser um espetáculo digno de cinema!
Shirlei Cruz
novembro 15, 2025 AT 21:55De fato, a transição de Novak reflete questões mais amplas sobre liberdade de expressão no esporte. A análise cuidadosa dos impactos políticos é essencial para compreender o futuro dos atletas em cenários voláteis.
caroline pedro
novembro 21, 2025 AT 03:55O deslocamento de um atleta de elite como Novak Djokovic para Atenas serve como metáfora poderosa da luta entre o indivíduo e o Estado.
Quando a esfera esportiva se vê enredada em conflitos políticos, a identidade do competidor pode se transformar em símbolo de resistência.
Nesse caso, a decisão de mudar de país foi influenciada não apenas por questões de segurança, mas também por um desejo profundo de preservar a integridade familiar.
A família, especialmente as crianças, merece crescer em um ambiente livre de intimidação, e o clima mediterrâneo oferece essa possibilidade.
Por outro lado, a Sérvia perde um embaixador cultural que, ao apoiar protestos, mostrou que o esporte pode ser ferramenta de conscientização social.
O Presidente Vučić, ao rotular Djokovic de traidor, revela a intolerância de regimes que temem o poder de influência das figuras públicas.
Essa retórica agressiva aumenta a pressão sobre atletas que desejam permanecer neutros, mas que inevitavelmente carregam suas próprias convicções.
A transferência do ATP 250 para Atenas, portanto, não é apenas uma mudança logística, mas também um movimento estratégico para realinhar patrocinadores e criar novos mercados no Mediterrâneo.
Os organizadores esperam que a nova localização atraia investimentos e desperte interesse de fãs que valorizam a combinação de esporte e cultura local.
Enquanto isso, o próprio Novak tem a oportunidade de refazer seu foco, reforçar sua preparação física e ajustar seu saque em condições climáticas diferentes.
Essa adaptação pode gerar melhorias técnicas que se refletirão nas próximas fases dos torneios, como o Masters de Paris.
Além disso, a narrativa de superação diante da adversidade política pode inspirar jovens atletas a perseguirem seus sonhos sem medo das consequências.
No entanto, é crucial que a comunidade internacional mantenha o olhar atento sobre os direitos civis na Sérvia, pois o silenciamento de vozes dissidentes ainda é uma realidade preocupante.
A história de Djokovic ilustra como a fama esportiva pode tanto proteger quanto expor, dependendo do contexto governamental.
Em última análise, a esperança é que o tenista encontre em Atenas o equilíbrio necessário entre performance e paz interior.
Só assim ele poderá voltar ao topo do ranking com a confiança renovada que o público tanto admira.