Quando Corinthians decidiu encarar a dívida da Neo Química Arena como prioridade absoluta, a Caixa Econômica Federal acabou na mesa de negociação. A proposta de mudar a taxa Selic+2 para um índice atrelado ao IPCA surge após a campanha de arrecadação popular – a famosa "vaquinha" – esfriar em apenas R$ 40,9 mi, menos de 6 % da meta de R$ 700 mi.
A dívida total da arena oscila entre R$ 645 mi e R$ 710 mi, dependendo da fonte consultada. Para colocar em perspectiva, o endividamento consolidado do clube chega a R$ 2,6 bi, número que se torna ainda mais crítico quando a meta de arrecadação – inicialmente lançada em janeiro de 2025 – não passou de R$ 40.942.556,13 em dez meses. O plano, idealizado pela Gaviões da Fiel em parceria com a diretoria, prometia mobilizar torcedores, artistas e patrocinadores. Nos primeiros 24 horas, quase R$ 8 mi foram juntados, mas a média caiu para pouco mais de R$ 2 mi por mês a partir de março, levando a prorrogação até dezembro de 2025.
Na segunda‑feira, 22 de setembro de 2025, representantes do clube se encontraram com a liderança da Caixa – liderada por Carlos Antônio Vieira Fernandes, presidente da instituição – para discutir uma revisão do contrato firmado em 2022 sob a gestão de Duilio Monteiro Alves. Fernandes, em entrevista exclusiva à ESPN, sugeriu um modelo inovador: criar um fundo de investimento, vender cotas de R$ 100 a torcedores e usar os recursos para amortizar a dívida. ‘Se você tem 35 milhões de torcedores e consegue 15 milhões comprando uma cota, sobraria dinheiro para outras obras’, explicou.
O ponto de maior tensão veio da fala de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, que afirmou que o clube deve "resolver o problema na Caixa ou deixar de pagar a dívida para priorizar outras pendências mais urgentes". Essa declaração gerou repercussão imediata nos bastidores, pois a diretoria ainda não tem uma proposta concreta a apresentar. Dentro do clube, o setor de finanças está avaliando duas linhas: manter o contrato Selic+2 até 2041 ou aceitar o risco de um modelo atrelado ao IPCA, que pode oscilar, mas tem a vantagem de ser menos sensível à alta da taxa básica de juros, hoje em torno de 15 %.
Se a renegociação for aceita, a economia anual pode alcançar até R$ 150 mi, segundo cálculos internos. Por outro lado, a proposta do fundo de investimento traz risco de diluição do controle acionário do estádio, já que cotas seriam distribuídas a milhares de torcedores. O Banco Central, que vem sinalizando meta Selic nesta faixa, reforça a incerteza: mudanças bruscas no IPCA podem elevar o custo da dívida em momentos críticos. O contrato atual estabelece pagamento total até 2041, mas a pressão sobre o caixa do clube tem crescido, especialmente com a necessidade de reforçar o elenco para a temporada 2025‑2026.
A Caixa informou que ainda está estudando alternativas e que, se houver interesse, pode apresentar um plano revisado nas próximas semanas. Para os torcedores, a esperança de que as cotas do fundo representem uma nova forma de participação ainda é incerta; a experiência de projetos similares no futebol brasileiro tem sido misturada. Enquanto isso, a diretoria corintiana deve decidir se aceita a proposta de IPCA, aguarda uma oferta da Caixa ou ainda tenta retomar a campanha de arrecadação, talvez com nova estratégia de engajamento digital.
Se o clube mudar a taxa para o IPCA, a parcela anual pode cair em até R$ 150 mi, o que pode liberar recursos para contratações e, indiretamente, melhorar o desempenho em campo. Porém, a proposta de cotas da Caixa exigiria que torcedores comprassem títulos de R$ 100, o que pode ser visto como mais uma cobrança.
Selic+2 fixa a taxa de juros em 2 pontos acima da taxa básica da economia, que hoje está em 15 %. Já o IPCA acompanha a inflação de consumo, que costuma ser mais estável, mas pode subir rapidamente em cenários de choque de preços.
Após o forte início, a campanha perdeu força devido à falta de novas estratégias de engajamento e à saturação de apelos financeiros. Além disso, a desaceleração econômica no país reduziu a capacidade de contribuição dos torcedores.
O principal risco é a diluição do controle do estádio, já que milhares de cotistas teriam participação direta. Se o fundo for mal administrado, pode gerar perdas financeiras e conflitos de governança entre a diretoria e os torcedores investidores.
A Caixa informou que pretende apresentar uma proposta revisada nas próximas semanas, enquanto a diretoria corintiana deve decidir até o final do primeiro trimestre de 2026 se aceita o modelo IPCA ou busca outra alternativa.
Adriano Soares
outubro 5, 2025 AT 20:01Pessoal, a situação da arena tá complicada, mas é bom ver a diretoria buscando alternativas. Se a Caixa aceitar o fundo, talvez a galera possa ajudar sem peso muito grande. Vamos ficar de olho nas próximas novidades.