COP30 em Belém: 170 países confirmados e Lula prepara cidade para cúpula climática em novembro de 2025
nov, 4 2025
Quando o Belém começou a receber as primeiras equipes de engenharia para reformar seu aeroporto e porto, ninguém imaginava que a cidade da Amazônia se tornaria o epicentro da maior reunião climática da história. Em novembro de 2025, a COP30 — a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática — chega ao Brasil, com 170 países já confirmados e líderes mundiais prestes a desembarcar na capital paraense. A Cúpula de Líderes, que antecede a conferência oficial, acontecerá entre 6 e 7 de novembro, com 57 chefes de Estado previstos, segundo o Itamaraty. Mas aqui está o que ninguém está dizendo alto: se os EUA e a Argentina não fecharem sua participação, o peso político do evento pode virar um problema. E isso não é só diplomacia — é sobre quem decide o futuro do planeta.
Belém não será a mesma depois da COP
"Belém será outra cidade depois da COP". Essa frase, repetida pelo
Luiz Inácio Lula da Silva em reuniões internas, não é discurso. É plano de governo. O presidente, de 79 anos, visita pessoalmente os canteiros de obras do
Aeroporto Internacional de Belém-Val de Cans e do
Porto de Belém, onde investimentos de R$ 1,2 bilhão estão transformando a infraestrutura logística da região. Estradas foram duplicadas, sistemas de esgoto foram modernizados, e pela primeira vez, a cidade terá Wi-Fi gratuito em todos os espaços oficiais da conferência. Mas o que mais impressiona é o foco na inclusão: 30% dos trabalhadores contratados para as obras são de comunidades ribeirinhas e indígenas. "Isso não é apenas construção. É reparação histórica", disse uma engenheira da Secretaria de Infraestrutura do Pará, que pediu para não ser identificada.
As pautas que vão definir o futuro do clima
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COP30 não será só sobre promessas. O Brasil levou à mesa uma proposta concreta: a
taxonomia sustentável. Trata-se de um sistema de classificação que define quais atividades econômicas realmente contribuem para a redução de emissões — algo que até agora só a União Europeia tinha. O objetivo? Atrair investimentos privados para a transição energética, especialmente em hidrogênio verde e bioenergia da Amazônia. O
UNFCCC já produziu três relatórios-chave para embasar as negociações, incluindo um diagnóstico sobre o financiamento climático em países em desenvolvimento. O número é preocupante: apenas 15% dos US$ 100 bilhões prometidos anualmente desde 2009 chegaram efetivamente aos países da América Latina e África.
Quem está de fora — e por quê
Enquanto 170 países confirmaram presença, os
Estados Unidos da América e a
República Argentina ainda não fecharam sua participação. Fontes diplomáticas indicam que Washington está aguardando o resultado das eleições de novembro de 2024, enquanto Buenos Aires enfrenta crise econômica e falta de recursos para enviar uma delegação completa. Isso cria um vazio estratégico: sem os EUA, a COP30 perde peso nas negociações sobre financiamento. Sem a Argentina, a América do Sul perde um dos principais aliados na defesa da biodiversidade. "A ausência deles não invalida a conferência, mas enfraquece sua legitimidade", disse a cientista climática Dra. Fernanda Carvalho, da Universidade Federal do Pará.
As vozes que não estão na mesa, mas vão ditar o rumo
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COP30 é a primeira a dar espaço real à sociedade civil. O programa
Vozes dos Biomas, coordenado pelo governo brasileiro, já reuniu mais de 800 líderes indígenas, quilombolas e ribeirinhos para elaborar propostas que serão entregues diretamente aos ministros. Em outubro, uma delegação de 47 povos da Amazônia viajou a Brasília para exigir a demarcação de 12 terras indígenas antes da conferência. "Nós não somos convidados. Somos donos da floresta que vocês querem salvar", disse Davi Kopenawa, líder yanomami, em reunião com o ministro do Meio Ambiente. Paralelamente, o
Mutirão do Código Florestal já recuperou 18 mil hectares de áreas degradadas no Pará, com apoio de 120 municípios. Essas iniciativas não são cenário. São o cerne da COP30.
O que vem depois da conferência
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COP30 não termina em 21 de novembro. O
Repertório de Marcos e Decisões sobre Mudança do Clima, lançado pelo governo brasileiro, já mapeia 1.200 políticas públicas locais que podem ser replicadas em outras cidades. O objetivo? Criar uma rede de cidades resilientes da Amazônia ao Semiárido. O programa de recuperação de áreas degradadas, citado no Boletim COP30 #79, terá R$ 2,3 bilhões em financiamento, com recursos do BNDES e do Fundo Amazônia. E se os EUA não participarem? O Brasil já tem planos B: uma aliança com a União Europeia, Canadá e países africanos para criar um fundo de transição energética independente — sem a dependência de Washington.
Por que isso importa para você
Você pode achar que mudanças climáticas em Belém não afetam sua vida em São Paulo ou Porto Alegre. Mas a Amazônia é o pulmão do planeta. Se ela desaparecer, as chuvas no Sul do Brasil diminuem, o preço da energia sobe, e a produção agrícola entra em colapso. A COP30 não é sobre árvores. É sobre comida, água, energia e empregos. E se o Brasil conseguir transformar a conferência em um modelo de justiça climática — com participação indígena, financiamento justo e transparência —, ela pode ser o ponto de virada que o mundo inteiro precisa.
Frequently Asked Questions
Quais países ainda não confirmaram participação na COP30?
Os Estados Unidos da América e a República Argentina ainda não confirmaram oficialmente sua participação na COP30, apesar de 170 países já terem se inscrito. Fontes diplomáticas indicam que os EUA aguardam o resultado das eleições de novembro de 2024, enquanto a Argentina enfrenta dificuldades financeiras para enviar uma delegação completa. A ausência desses dois países pode comprometer o financiamento climático global e a legitimidade das decisões.
O que é a taxonomia sustentável que o Brasil quer implementar?
A taxonomia sustentável é um sistema de classificação que identifica quais atividades econômicas realmente contribuem para a redução de emissões de gases de efeito estufa. O Brasil quer adotar um modelo próprio, diferente do da União Europeia, para atrair investimentos privados em energia limpa, hidrogênio verde e bioeconomia amazônica. O objetivo é evitar o "greenwashing" e garantir que o dinheiro vá para projetos reais, não apenas para empresas que se dizem sustentáveis.
Como a sociedade civil está participando da COP30?
Pela primeira vez, a COP30 inclui o programa "Vozes dos Biomas", que reuniu mais de 800 líderes indígenas, quilombolas e ribeirinhos para elaborar propostas concretas. Eles não são ouvintes: têm direito a falar em plenárias, apresentar relatórios e exigir respostas dos ministros. O "Mutirão do Código Florestal" também envolve 120 municípios na recuperação de 18 mil hectares de áreas degradadas, transformando a sociedade civil em protagonista da ação climática.
Quais são os principais investimentos em infraestrutura em Belém?
O governo federal investiu R$ 1,2 bilhão em Belém, com foco no Aeroporto Internacional de Belém-Val de Cans e no Porto de Belém. Foram duplicadas 80 km de estradas, modernizados sistemas de esgoto e instalado Wi-Fi gratuito em todos os espaços da conferência. Além disso, 30% dos trabalhadores contratados são de comunidades locais, incluindo indígenas e ribeirinhos — um modelo de inclusão social raro em grandes eventos internacionais.
A COP30 pode mudar a realidade da Amazônia?
Sim — se as promessas se transformarem em ação. A conferência traz um plano de recuperação de 100 mil hectares de áreas degradadas até 2030, com R$ 2,3 bilhões em financiamento. Mas o verdadeiro teste será a implementação das decisões. Se o Brasil conseguir unir investimento privado, direitos indígenas e transparência, a COP30 pode ser o modelo de justiça climática que o mundo precisa. Caso contrário, será mais uma reunião com discursos bonitos e resultados nulos.
O que acontecerá após a COP30?
O "Repertório de Marcos e Decisões sobre Mudança do Clima" já mapeou 1.200 políticas locais que podem ser replicadas em outras cidades brasileiras. A ideia é criar uma rede de cidades resilientes, com base em experiências reais da Amazônia. Além disso, o Brasil planeja liderar uma aliança com a União Europeia, Canadá e países africanos para criar um fundo de transição energética independente, caso os EUA não participem. A COP30 não é o fim — é o começo de um novo modelo.
Manuel Silva
novembro 4, 2025 AT 10:32essa história da taxonomia sustentável é o que realmente importa, mano. se o brasil conseguir botar isso pra funcionar sem virar um bolo de greenwashing, a gente tá no caminho certo. já vi tanta promessa cair no esquecimento que quase não acredito mais, mas essa parte aqui parece diferente.
Flávia Martins
novembro 4, 2025 AT 16:3530% dos trabalhadores das obras sendo de comunidades locais isso é raro demais pra ser verdade
José Vitor Juninho
novembro 4, 2025 AT 20:01eu fico emocionado quando vejo indígenas sendo ouvidos de verdade, não só como figurantes nas fotos da mídia. isso aqui não é só infraestrutura, é reconhecimento. e o wi-fi gratuito? isso é um detalhe pequeno, mas que fala muito sobre o tipo de cidade que queremos ser.
Maria Luiza Luiza
novembro 5, 2025 AT 09:47ah sim claro, a amazônia vai ser salva porque agora tem wi-fi. e os EUA não vão vir porque estão ocupados com eleições, mas aí o brasil vai salvar o mundo sozinho com o fundo amazônia e um monte de discurso bonito. tô morrendo de rir
Marcus Souza
novembro 5, 2025 AT 16:52quem mora no norte sabe que isso aqui é o maior presente que a amazônia já recebeu. não é só obra, é dignidade. quando você vê um ribeirinho trabalhando no aeroporto e depois vai pra casa com salário e direitos, isso muda gerações. a gente não quer esmola, quer lugar no mundo
Leandro Moreira
novembro 7, 2025 AT 13:11170 países confirmados? e daí? o que importa é que os grandes poluidores estão de fora. isso aqui é uma peça de teatro com palco bonito e atores que não cumpriram o contrato. a COP30 vai virar piada se os EUA não aparecerem
Geovana M.
novembro 7, 2025 AT 20:04outro dia eu vi um vídeo de um indígena falando que 'nós somos donos da floresta' e pensei: e daí? vocês não deixaram ninguém entrar pra cuidar disso por décadas. agora querem ser os heróis? isso é só marketing com máscara de justiça social
Carlos Gomes
novembro 9, 2025 AT 05:01o que ninguém está discutindo é o impacto real da taxonomia sustentável brasileira. se ela for bem implementada, pode ser o modelo mais justo já criado para financiamento climático. a UE tem regras rígidas, mas é feita pra empresas europeias. o modelo do brasil é feito pra quem vive na floresta, não pra bancos de luxo. isso é revolucionário. e sim, o Brasil pode liderar essa mudança mesmo sem os EUA - mas precisa de transparência total, ou tudo vira fumaça.
MAYARA GERMANA
novembro 10, 2025 AT 23:012,3 bilhões pra recuperar áreas degradadas? cadê o dinheiro antes? cadê o dinheiro quando a grilagem tava destruindo tudo? agora que tem evento internacional a gente descobre que a amazônia é importante? isso é o mesmo que colocar um curativo em uma amputação. e o mutirão do código florestal? 18 mil hectares? isso é nem 1% da área que foi destruída nos últimos 5 anos. tá tudo muito bonitinho, mas é só pintura na parede
Flávia Leão
novembro 11, 2025 AT 23:22será que a COP30 vai salvar o planeta ou só vai salvar a imagem do governo? a história sempre se repete: eventos globais viram palco para discursos, mas o que acontece depois? ninguém lembra. e os 1200 planos locais? são só documentos que vão ficar guardados em gavetas com o nome 'sustentabilidade' escrito em letra pequena
Cristiane L
novembro 12, 2025 AT 23:49isso tudo é lindo, mas e se a inflação continuar subindo? e se o povo não tiver comida no prato? como a gente explica pra uma mãe que mora em Belém que ela tem que escolher entre pagar o aluguel e salvar a floresta? a justiça climática não pode ser só para quem já tem voz
Willian de Andrade
novembro 14, 2025 AT 00:05o wi-fi gratuito é o detalhe que mais me pegou. tipo, isso é coisa de cidade que quer receber o mundo de verdade