Cerci estreia no Milan, mas time perde de virada para o Sassuolo em San Siro

Cerci estreia no Milan, mas time perde de virada para o Sassuolo em San Siro

dez, 14 2025

Na noite de 6 de janeiro de 2015, o Estádio Giuseppe Meazza, o lendário San Siro, vibrou com a estreia de Alessio Cerci pela Associazione Calcio Milan — mas a emoção virou frustração. O atacante italiano, apresentado oficialmente no dia anterior, entrou em campo com a camisa 22, antes usada por Kaká, e logo se viu no centro de uma derrota inesperada: Sassuolo Calcio virou o jogo e venceu por 2 a 1. Foi uma estreia que o jornal Gazzetta dello Sport batizou de "esordio sfortunato" — uma estreia infeliz. Cerci não marcou, não assistiu, não salvou. E o Milan, que esperava um impulso ofensivo, viu sua liderança na tabela desmoronar.

Um empréstimo que mudou o rumo de duas equipes

A chegada de Cerci ao Milan não foi um simples reforço. Foi parte de um acordo complexo que envolveu o retorno de Fernando Torres ao Club Atlético de Madrid. O italiano, que havia assinado com os colchoneros em 31 de agosto de 2014 por três temporadas, só permaneceu seis meses na Espanha. Em meio a poucas oportunidades, foi trocado por Torres — um ídolo que voltava para casa, mas que já não era o mesmo jogador da era de 2007. O Milan, por sua vez, buscava um substituto imediato para o desgaste de Torres e a saída de Robinho. Cerci, com 8 gols em 35 jogos na temporada anterior pelo Genoa, parecia a solução ideal: rápido, técnico, experiente. Mas a química nunca aconteceu.

Da burocracia à estreia: um dia que quase não aconteceu

O que parecia uma cerimônia de apresentação tranquila, em 5 de janeiro, foi na verdade o ápice de uma saga burocrática. Dois dias antes, o Gazzetta dello Sport publicou uma matéria intitulada: "Milan, Cerci: in forse il debutto con il Sassuolo. Colpa della burocrazia". A tradução? "Milan, Cerci: em dúvida o estreio contra o Sassuolo. Culpa da burocracia". Documentos pendentes, licenças internacionais atrasadas — o jogador quase não pisou em campo. E quando finalmente entrou, foi no segundo tempo, aos 48 minutos do primeiro tempo, substituindo Mario Balotelli. O público, que aplaudiu sua entrada, não imaginava que a vitória já estava perdida.

Virada do Sassuolo: o time que desafiou os gigantes

Enquanto o Milan se concentrava na estreia de Cerci, o Sassuolo Calcio, time da pequena Sassuolo, na Emilia-Romagna, estava em plena ascensão. Treinado por Eusebio Di Francesco, o clube, fundado em 1920, era um dos maiores fenômenos da temporada 2014-2015. Com um futebol ofensivo e coletivo, havia vencido o Napoli e empatado com a Juventus nos jogos anteriores. Contra o Milan, abriu o placar com Domenico Berardi aos 21 minutos. O Milan empatou com Giampaolo Pazzini aos 42, mas a virada veio aos 68, com Matteo Politano, que desequilibrou a defesa rossonera com um drible e finalização precisa. O San Siro ficou em silêncio. Ninguém aplaudiu. Apenas respirou fundo.

Por que essa derrota foi mais do que um resultado

A derrota não foi apenas uma derrota. Foi o sinal de que o Milan, naquele momento, estava perdendo identidade. A equipe, que havia vencido o título em 2011, agora se movia entre treinadores, jogadores emprestados e expectativas frustradas. Cerci, apesar de seu histórico promissor, nunca se adaptou. Jogou apenas 12 partidas no Milan, marcou um gol, e voltou ao Atlético em junho de 2015. O Sassuolo, por outro lado, terminou a temporada em 7º lugar — sua melhor classificação na história até então — e se consolidou como um dos clubes mais inteligentes da Itália. Enquanto o Milan gastava milhões em jogadores que não encaixavam, o Sassuolo construía com jovens da base e contratações estratégicas.

O legado de Cerci: um jogador que nunca encontrou seu lugar

Alessio Cerci começou sua carreira no Torino, passou por Genoa, Hellas Verona, até chegar à Turquia, ao MKE Ankaragücü. Foi convocado para a Copa das Confederações de 2013 e para a Copa do Mundo FIFA de 2014, onde viu Giorgio Chiellini ser mordido por Luis Suárez. Foi um jogador talentoso, mas sempre parecia fora de lugar. No Milan, foi o símbolo de uma era de decisões apressadas. Ele não fracassou por falta de habilidade. Fracassou porque o clube não criou um ambiente para ele brilhar.

Do que o Milan precisava, e do que realmente recebeu

Naquele inverno, o Milan precisava de um atacante que pudesse criar jogadas, desequilibrar defesas, marcar em momentos decisivos. Cerci tinha essas qualidades — mas não tinha a confiança do técnico, nem espaço no sistema. O time jogava com três meias e um centroavante, e Cerci era um ponta. Não havia posição para ele. O resultado? Um jogador talentoso, frustrado, e um time perdido. Enquanto isso, o Sassuolo, com menos recursos, mas mais clareza tática, vencia. E o San Siro, que já havia visto Pelé, Beckenbauer e Maldini, viu uma estreia que poderia ter sido histórica — e se tornou apenas um erro de gestão.

Frequently Asked Questions

Por que Alessio Cerci recebeu a camisa 22 no Milan?

A camisa 22 era de Kaká, que havia deixado o Milan em 2013 e voltado brevemente em 2014, mas não estava mais no elenco. O clube decidiu reatribuí-la a Cerci como sinal de confiança, embora o número não tivesse histórico de grandes jogadores naquele contexto. A escolha foi simbólica, mas não foi acompanhada por um papel claro no time, o que contribuiu para sua frustração.

Qual foi o impacto da derrota para o Sassuolo na temporada do Milan?

A derrota por 2 a 1 contra o Sassuolo foi a quarta derrota do Milan em cinco jogos na Serie A daquela temporada. O time caiu para o 12º lugar na tabela, perdendo contato com os líderes. A derrota em casa, com a estreia de um reforço caro, abriu espaço para críticas à diretoria e ao técnico Massimiliano Allegri, que foi demitido em maio de 2015, após uma temporada sem títulos.

Como o Sassuolo conseguiu vencer um time como o Milan?

O Sassuolo, sob Eusebio Di Francesco, jogava com alta pressão, transições rápidas e jogadores como Berardi e Politano, que tinham liberdade para se movimentar. O Milan, por outro lado, estava desorganizado, com jogadores sem ritmo e sem identidade. A vitória foi um exemplo de que tática e coesão superam nomes famosos — e marcou o surgimento do Sassuolo como um time competitivo, não apenas um "gigante de minicidade".

O que aconteceu com Alessio Cerci depois do Milan?

Após voltar ao Atlético de Madrid em junho de 2015, Cerci foi emprestado ao Hellas Verona e depois ao Torino, onde jogou até 2019. Em 2020, se aposentou após passar por um breve período no Salernitana. Nunca mais jogou em um clube de grande porte. Sua passagem pelo Milan foi a mais curta e menos produtiva de sua carreira, e muitos a consideram o ponto mais baixo de sua trajetória.

A transação entre Cerci e Torres foi justa?

Na época, foi vista como uma troca equilibrada, mas com o tempo, mostrou-se desigual. Torres, já com 30 anos e em declínio, retornou ao Atlético como jogador de passagem. Cerci, com 27, era ainda um jogador de nível alto — mas não do nível de um ídolo como Torres. O Atlético saiu ganhando ao devolver um nome histórico, enquanto o Milan acabou com um jogador que não encaixou. O verdadeiro vencedor foi o Sassuolo, que aproveitou a fraqueza do Milan para conquistar uma vitória histórica.