Durante terremoto de magnitude 7,5 na Passagem de DrakePassagem de Drake, as águas geladas entre o extremo sul da América do Sul e a Antártica tremeram como nunca antes naquele dia.
A United States Geological Survey (USGS) foi a primeira a divulgar o sismo, inicialmente apontando magnitude 8,0, mas, após revisão de dados, ajustou para 7,5. O epicentro ficava a cerca de 710 km a sudeste de Ushuaia, a cidade mais austral da Argentina, e a apenas 10,8 km de profundidade.
A Passagem de Drake não é apenas uma rota de navegação traiçoeira; ela marca a fronteira entre a placa tectônica da Antártica e a da América do Sul. Esse encontro cria um cinturão sísmico intensíssimo, parte do famoso Ring of Fire. Na prática, isso significa que terremotos de grande magnitude são mais regra do que exceção.
Historicamente, a região já registrou eventos devastadores – o maior deles foi o terremoto chileno de magnitude 9,5 em 1960, que ainda detém o recorde mundial. Em maio de 2025, um sismo de 7,4 também sacudiu a mesma passagem, lembrando a todos que a atividade aqui é constante.
O tremor de 22 de agosto ocorreu às 23h16 (horário de Buenos Aires). A profundidade rasa de 10,8 km favoreceu a propagação das ondas sísmicas até as costas sul-americanas, onde foram sentidas, embora em intensidade moderada.
O Servicio Hidrográfico y Oceanográfico de la Armada de Chile (SHOA) posicionou o epicentro 258 km a noroeste da Base Frei, estação de pesquisa chilena na Antártica. Essa discrepância entre as medições de USGS e SHOA evidencia a complexidade de monitorar abalos em áreas tão remotas.
Apesar da magnitude, o impacto humano direto foi quase nulo. Não houve relatos de danos estruturais ou vítimas, graças ao fato de que o epicentro estava a milhares de quilômetros da civilização.
Logo após o tremor, o SHOA emitiu um alerta de tsunami para o território antártico chileno, temendo ondas que pudessem alcançar a costa. Simultaneamente, o Pacific Tsunami Warning Center (PTWC) lançou um aviso breve para a costa chilena, mas retirou-o poucos minutos depois, ao constatar que o risco era mínimo.
Curiosamente, o US Tsunami Warning System nem chegou a ativar um alerta, indicando que os modelos de propagação ainda não previam ondas significativas. No fim, as autoridades de Chile e Argentina cancelaram quaisquer ordens de evacuação.
Em Ushuaia, cerca de 57 mil habitantes sentiram vibrações leves, descritas como “um leve estalo”. A capital chilena, Punta Arenas, recebeu ligações de moradores reclamando de objetos que balançaram nas prateleiras.
Os institutos sísmicos de ambos os países mantêm redes de sensores que, até o momento, registraram algumas dezenas de réplicas, a maioria abaixo de magnitude 4,0. Especialistas apontam que a zona de subducção ainda está liberando energia acumulada, o que pode gerar novos tremores nas próximas semanas.
Analistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ressaltam que a Passagem de Drake permanece como um ponto vulnerável no mapa global de risco sísmico. Eles recomendam investimentos em monitoramento oceânico, especialmente em bóias equipadas com sismógrafos.
Além disso, a ocorrência de dois abalos acima de magnitude 7,0 em menos de quatro meses – maio de 2025 e agora agosto – pode indicar um ciclo de liberação de tensão ainda não concluído. A comunidade científica internacional acompanha de perto, pois esse padrão poderia antecipar eventos ainda mais intensos, possivelmente na costa chilena, que tem uma população muito maior que a Antártica.
Em resumo, o terremoto de 22 de agosto serve como um lembrete de que, mesmo nas áreas mais inóspitas do planeta, a força da Terra não conhece limites. O que fica claro é que a cooperação entre agências – USGS, SHOA, PTWC e institutos locais – foi crucial para evitar pânico desnecessário.
Em Ushuaia, as pessoas relataram uma vibração leve, equivalente a um tremor de magnitude local entre 3,5 e 4,0, o que fez objetos leves balançarem, mas não causou danos.
Modelos iniciais previram ondas de até 0,5 m, mas medições de bóias e satélites mostraram que o deslocamento vertical do fundo marinho foi insuficiente para gerar um tsunami perigoso, levando o PTWC a retirar o aviso.
Especialistas acreditam que a zona de subducção ainda está liberando tensão acumulada, portanto réplicas de magnitude até 6,0 são possíveis nas próximas semanas ou meses.
Redes de sismógrafos terrestres e boias oceânicas, operadas por agências como USGS, SHOA e o INPE, enviam dados em tempo real para centros de análise que modelam tanto tremores quanto possíveis tsunamis.
A frequência de abalos acima de magnitude 7,0 nos últimos anos sugere que a Passagem de Drake está em um período de alta atividade, o que pode anteceder um evento ainda maior, similar ao de 1960 no Chile.
Júlia Rodrigues
outubro 12, 2025 AT 03:17Esse tremor de 7,5 seria fichinha se fosse no Brasil, mas ali só gelo e nada de Brasil